O olhar e tratamento para o uso de substâncias: uma análise comparativa entre o filme “Bicho de sete cabeças” e as comunidades terapêuticas do Brasil

Abstract

O artigo visa abordar o olhar e o tratamento ofertado às pessoas que fazem uso de substâncias, com o objetivo de comparar os modelos de tratamento no filme “Bicho de Sete Cabeças” e nas Comunidades Terapêuticas (CTs) brasileiras. Para isto, tem-se como objetivo geral comparar o atual modelo de tratamento para uso de substâncias realizado pelas comunidades terapêuticas com o filme “Bicho de sete cabeças” (2001) dirigido por Laís Bodanzky e, como específicos, analisar os aspectos relativos ao tratamento do uso de substâncias dentro da obra cinematográfica; compreender o tratamento ofertado nas comunidades terapêuticas atualmente no Brasil; e identificar diferenças e semelhanças entre a obra apresentada e a realidade das comunidades terapêuticas. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, que se utiliza de uma análise fílmica. Os resultados apontam que, apesar das diferenças aparentes, isto é, de um lado, um modelo de tratamento focado na concepção biomédica e, do outro, a centralização do aspecto religioso, ambos se valem do isolamento social, do controle e da invalidação da autonomia e subjetividade daqueles que fazem uso de substâncias, ou seja, da permanência da lógica manicomial.